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Aos 63 anos, caminhoneiro troca escritório de RH pelas estradas e passa o primeiro Natal longe de casa

Caminhoneiros passam o Natal na estrada ao lado de colegas É em meio ao chiado da panela de pressão, apoiada sobre um fogareiro improvisado, que Juarez Assis ...

Aos 63 anos, caminhoneiro troca escritório de RH pelas estradas e passa o primeiro Natal longe de casa
Aos 63 anos, caminhoneiro troca escritório de RH pelas estradas e passa o primeiro Natal longe de casa (Foto: Reprodução)

Caminhoneiros passam o Natal na estrada ao lado de colegas É em meio ao chiado da panela de pressão, apoiada sobre um fogareiro improvisado, que Juarez Assis Santos, de 63 anos, encontra tempo para pensar na vida. A cozinha não é como a da maioria das pessoas porque ali não tem pia, armários ou mesa posta. Ela fica na boleia do caminhão, é montada entre uma parada e outra, na beira da estrada. “A maioria das pessoas tem uma cozinha apropriada pra isso, mas eu não tenho ainda. Como não pretendo ficar 20 anos nas estradas, eu me adaptei”, conta. Há um ano e meio, Juarez tomou uma decisão que mudaria tudo: trocou a rotina do escritório de Recursos Humanos (RH) pelas rodovias do Brasil. Deixou para trás horários fixos, planilhas, reuniões e datas comemorativas garantidas em casa. No lugar, abraçou o improviso. "A gente não tem programação pra nada, o que pra muita gente é um dificultador, pra mim nem tanto". ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Triângulo no WhatsApp Mas há perguntas das quais ele não consegue escapar. E uma delas pesa mais nesta época do ano: onde você vai passar o Natal e o Ano Novo? “Essa pergunta eu já ouvi umas cinco vezes. E a resposta é ‘não sei’. Não é fácil você passar essas datas junto durante anos por décadas e, de repente, ficar só pela primeira vez”, desabafa. E ressalta que esse primeiro Natal longe de casa está sendo difícil. "A saudade é grande. O pessoal tá lá se programando pra festejar, e eu tô aqui, na estrada”, disse ele em entrevista à TV Integração. LEIA TAMBÉM: 'Natal Solidário' da TV Integração entrega alimentos, brinquedos e permite sonhos em Uberlândia Adolescente que começou a vender pudim para consertar a bike hoje é 'jovem empreendedor' com mais de mil entregas por mês Polícias iniciam operação de fim de ano nas estradas da região Juarez Assis Santos, de 63 anos, era profissional de RH antes de se tornar caminhoneiro TV Integração/Reprodução Juarez não está sozinho nessa realidade. Para grande parte dos caminhoneiros, datas comemorativas são celebradas dentro do caminhão, longe da família, dividindo o tempo e o afeto com colegas de profissão. O caminhoneiro André Luiz Freitas Amaral também sabe bem como é tentar planejar algo que quase nunca dá certo. “A gente planeja o que não tem como ser feito, né. O Ano Novo eu pretendo passar em casa, mas o Natal, sem chance. Vou estar aqui com meus companheiros, em Uberlândia mesmo”, diz. Para Eliandro Rosa, a estrada é mais que trabalho: é herança e paixão. “Meu pai era caminhoneiro, já falecido. Viveu a vida inteira na estrada. Eu aprendi a ter paixão por isso. Se não fosse caminhão, seria de outro jeito, porque eu gosto da estrada”, conta. Neste período de fim de ano, as rodovias da região estão entre as mais movimentadas do país. Carros, ônibus e motos dividem espaço com os gigantes do asfalto. São esses caminhões que carregam de tudo um pouco, alimentos, presentes, sonhos. E para quem vive da estrada, como Juarez, André e Eliandro, o maior desejo é simples: trafegar com segurança hoje para poder voltar para casa amanhã. VÍDEOS: veja tudo sobre o Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas