Compra do Banco Master pelo BRB era operação para acobertar fraudes descobertas pelo BC
A operação de compra do banco Master pelo Banco de Brasília (BRB) era uma medida destinada a acobertar as fraudes na compra de carteiras de créditos falsas ...
A operação de compra do banco Master pelo Banco de Brasília (BRB) era uma medida destinada a acobertar as fraudes na compra de carteiras de créditos falsas descobertas pelo Banco Central (BC) em fevereiro. A conclusão é de investigadores do BC e da Polícia Federal, com base na análise de operações fraudulentas realizadas antes de o BRB decidir adquirir o Master, numa operação que levantou suspeitas desde o início. BC sofreu pressões de políticos para aprovar a venda do Master para o BRB Segundo os investigadores, o BC começou a descobrir a fraude na compra de carteiras de crédito do Master pelo BRB em fevereiro, a partir de informações inconsistentes. Logo depois, foi anunciada a operação de compra do Master pelo BRB, em março deste ano. "Era uma forma de juntar os balanços dos dois bancos e esconder as fraudes do Banco Central. Mas, a diretoria de fiscalização do BC já estava com a investigação adiantada quando o negócio foi anunciado em março, e as suspeitas já haviam sido informadas ao Ministério Público e Polícia Federal", diz um investigador. Enquanto as investigações da PF prosseguiam, o BC pedia mais informações aos dois bancos para esclarecer as operações falsas de compra de carteiras de crédito, que levaram a um rombo de R$ 12,2 bilhões. Essa demora na avaliação da venda do Master pelo BRB levou os políticos aliados do presidente do banco, Daniel Vorcaro, a reclamarem e pressionarem o BC, tentando inclusive, como chantagem, aprovar um projeto que reduzia a autonomia da autoridade monetária. Fachada do Banco Master na Faria Lima e Daniel Vorcaro Amanda Perobelli/Reuters; Reprodução Políticos ligados a Daniel Vorcaro, dono do Master e que foi preso pela PF, reclamavam que o BC ficava pedindo documentos e mais documentos, e não aprovava a compra do banco pelo BRB. O que os políticos não sabiam é que os documentos solicitados faziam parte da fiscalização das operações fraudulentas. O BC só negou a operação em setembro, quando as investigações da PF já estavam adiantadas e próximas de se tornarem uma operação, o que aconteceu nesta segunda-feira (17). Para a PF, MP e BC, houve um conluio entre os dois bancos para esconder as fraudes e, por isso, em nenhum momento o Banco Central pretendia autorizar a venda do Master para o BRB. Só estava ganhando tempo enquanto as investigações prosseguiam.