Fogo em Hong Kong começou em telas, se espalhou por andaimes de bambu e alarmes de incêndio tinham defeito, diz governo
Incêndio em Hong Kong: sobe para 128 o número de mortos O incêndio histórico em um condomínio de arranha-céus de Hong Kong começou em uma rede de proteç...
Incêndio em Hong Kong: sobe para 128 o número de mortos O incêndio histórico em um condomínio de arranha-céus de Hong Kong começou em uma rede de proteção, que fazia parte de reformas, em andares inferiores e se espalhou rapidamente para os demais prédios por meio de placas de isopor e andaimes de bambu, disse o governo nesta sexta-feira (28) com base em um relatório preliminar. “Com base nas informações preliminares que temos, acreditamos que o incêndio começou na rede [de proteção de reformas] instalada do lado de fora dos andares inferiores e rapidamente se espalhou para cima devido à queima das placas de espuma, afetando vários andares”, disse o secretário de Segurança, Chris Tang, em entrevista coletiva. ✅ Siga o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp 'Hong Kong empilha pessoas': entenda densidade extrema e recorde global de arranha-céus, como o que causou tragédia O incêndio, iniciado na quarta-feira e que os bombeiros conseguiram extinguir apenas nesta sexta-feira, deixou mais de 120 mortos e 79 feridos e é o pior registrado na cidade em décadas, segundo o governo. Moradores dos edifícios ficaram presos pelo fogo e mais de 200 pessoas ainda estavam desaparecidas até a última atualização desta reportagem. (Leia mais abaixo) Segundo o governo, os prédios estavam em reformas de renovação há cerca de um ano, por isso estavam envoltos por uma rede de proteção verde com andaimes de bambu (veja na imagem abaixo). "A alta temperatura [do fogo] também fez com que os andaimes de bambu e a rede de proteção queimassem, e as varas de bambu quebradas pelo fogo caíssem e espalhassem as chamas para outros andares", afirmou Tang. Além disso, o sistema de alarmes de incêndio dos prédios apresentavam defeitos e não estavam funcionando corretamente, segundo o corpo de bombeiros de Hong Kong. Buquê de flores é colocado no local do incêndio no conjunto habitacional Wang Fuk Court, em Tai Po, Hong Kong, em homenagem às vítimas Reuters/Tyrone Siu O incêndio de grandes proporções queimou durante quase 48 horas nas sete das oito torres de 31 andares do condomínio e se tornou o mais mortal em Hong Kong em três décadas. É possível que o número de mortos aumente ainda mais nas próximas horas. Até o momento, nove pessoas foram presas por suspeitas de negligência ligada ao incêndio: três integrantes da construtora responsável pela obra nos prédios, que serão processados por homicídio culposo —quando não há a intenção de matar—, e outras seis nesta sexta-feira. A polícia de Hong Kong informou que as telas não atendiam aos padrões de segurança contra incêndio. "Temos motivos para acreditar que os responsáveis da empresa foram extremamente negligentes, o que levou a este acidente e fez com que o incêndio se alastrasse descontroladamente, resultando em um grande número de vítimas", disse Eileen Chung, superintendente da polícia de Hong Kong. Nesta quinta-feira (27), a polícia realizou buscas no escritório da Prestige Construction & Engineering Company, que, segundo a Associated Press (AP News), era responsável pelas reformas no complexo de torres. De acordo com a mídia local, a polícia apreendeu caixas de documentos como provas. Como andaimes de bambu contribuíram para o incêndio mais mortal em décadas em Hong Kong O complexo, localizado no distrito de Tai Po, possui cerca de dois mil apartamentos e abriga cerca de 4,6 mil moradores, segundo um censo realizado pelo governo em 2021. Cada uma das oito torres tem mais de 30 andares. FOTOS E VÍDEOS: veja imagens do incêndio no conjunto de arranha-céus de Hong Kong Um bombeiro está entre os mortos, segundo a rede britânica "BBC", e outros também ficaram feridos durante o combate às chamas. Um porta-voz dos bombeiros afirmou que havia "muita preocupação" pela temperatura dentro dos prédios, que estava muito alta e dificultava a entrada nos edifícios para realizar trabalhos de resgate. Vídeo mostra momento em que complexo de arranha-céus pega fogo em Hong Kong O incêndio Incêndio de grandes proporções atinge conjunto de arranha-céus em Hong Kong em 26 de novembro de 2025. Yan Zhao/AFP O Departamento de Bombeiros disse ter recebido o chamado às 3h51 no horário de Brasília (14h51, no horário local) sobre o incêndio. Centenas de agentes foram mobilizados. Horas após o início do combate às chamas, a pasta elevou o alerta para o nível 5, o mais alto da escala. Outros mil policiais foram mobilizados, segundo o governo. O Departamento de Transportes de Hong Kong informou que, devido ao incêndio, uma seção inteira da rodovia Tai Po foi fechada, e linhas de ônibus foram desviadas. A polícia chegou a isolar dois quarteirões vizinhos ao condomínio de prédios por conta do incêndio, que depois foram liberados. Hong Kong tem histórico de incêndios graves. O último de grande impacto ocorreu em 1996, quando 41 pessoas morreram após um fogo causado por soldagem durante reformas internas. O episódio levou a mudanças nas regras de construção e segurança contra incêndios em prédios altos. O uso de andaimes de bambu — tradicional na arquitetura chinesa e ainda comum em Hong Kong — está sendo reduzido após 22 mortes envolvendo trabalhadores entre 2019 e 2024. Pelo menos três incêndios com esse tipo de estrutura foram registrados neste ano, segundo uma associação de vítimas de acidentes industriais. Homem reage a incêndio em conjunto de arranha-céus em Hong Kong em 26 de novembro de 2025. REUTERS/Tyrone Siu Incêndio de grandes proporções atinge conjunto de arranha-céus em Hong Kong em 26 de novembro de 2025. REUTERS/Tyrone Siu Veja onde ocorreu incêndio de grandes proporções em Hong Kong em 26 de novembro de 2025. Veronica Medeiros/arte g1