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Galípolo chama poupança de 'Robin Hood às avessas' e defende novo modelo de crédito imobiliário

O presidente do Banco Central do Brasil (BC), Gabriel Galípolo, classificou a poupança como um “Robin Hood às avessas”, ao afirmar que o produto paga men...

Galípolo chama poupança de 'Robin Hood às avessas' e defende novo modelo de crédito imobiliário
Galípolo chama poupança de 'Robin Hood às avessas' e defende novo modelo de crédito imobiliário (Foto: Reprodução)

O presidente do Banco Central do Brasil (BC), Gabriel Galípolo, classificou a poupança como um “Robin Hood às avessas”, ao afirmar que o produto paga menos aos poupadores com menor acesso à informação para financiar crédito mais barato a outros segmentos. A declaração foi feita nesta quarta-feira (12), em evento do Bradesco Asset, ao explicar por que o BC vem promovendo mudanças estruturais no modelo de crédito imobiliário. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Segundo Galípolo, a poupança é um instrumento “apoiado na desinformação”, pois oferece liquidez diária e rendimento abaixo da taxa básica de juros, enquanto financia o crédito habitacional. Para ele, esse arranjo beneficia quem toma o empréstimo e penaliza quem investe. “Você acaba sub-remunerando o poupador para oferecer crédito mais barato a quem está do outro lado — o que não é, do ponto de vista da progressividade da política econômica, a forma mais adequada. Ela [a poupança] é um Robin Hood às avessas” Veja os vídeos que estão em alta no g1 Novo modelo de financiamento imobiliário Diante da queda nos depósitos da poupança, o Banco Central busca antecipar a transição para um novo modelo de financiamento imobiliário, sustentado por captações no mercado. Anunciada no início de outubro, a nova linha de crédito para compra da casa própria será voltada à classe média. Segundo Galípolo, a estratégia busca aproximar o prazo dos recursos captados pelos bancos ao período dos empréstimos concedidos. Isso permite um maior equilíbrio entre as entradas e saídas de dinheiro — o que reduz a necessidade de manter parte dos recursos parados como depósitos compulsórios no Banco Central. 🤔 Depósitos compulsórios são recursos que os bancos obrigatoriamente precisam deixar guardados no Banco Central, e que não podem ser usados para fazer empréstimos ou investimentos. O objetivo é garantir a segurança do sistema financeiro. Como era e como fica com o novo modelo ➡️ Pelas regras atuais, 65% dos recursos captados pelos bancos por meio da caderneta de poupança têm que ser direcionados obrigatoriamente ao crédito imobiliário; 15% estão livres para outras operações; e 20% ficam retidos no BC (os chamados depósitos compulsórios). 👉 Nesse modelo, o volume de crédito imobiliário depende do quanto as pessoas mantêm na poupança. Nos últimos anos, como muita gente tirou dinheiro da poupança, o volume de crédito encolheu. Segundo Galípolo, esse novo desenho tende a aumentar a sensibilidade das taxas às decisões de política monetária do BC, fortalecendo o papel dos juros como instrumento de controle da atividade econômica. "Se você conseguir aumentar essa sensibilidade, no final do dia você vai até aumentar a potência da política monetária do ponto de vista estrutural." Inflação em direção à meta Sobre a política monetária, Galípolo afirmou que a trajetória da inflação rumo à meta de 3% tem sido mais lenta que o previsto. "Até agora o que a gente assiste é que a política monetária funciona, mas de maneira mais lenta do que se vê no livro-texto", disse. O presidente do BC explicou, ainda, que a reação mais lenta da economia à política de juros reforça a necessidade de manter a taxa básica elevada. 🔎 Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic em 15% ao ano e reiterou que a taxa seguirá em patamares elevados por um "período prolongado”, até que a inflação alcance a meta. No entanto, parte do mercado considerou a ata do Copom divulgada ontem mais branda, inclusive ao já incorporar preliminarmente nas projeções o efeito da isenção do Imposto de Renda sobre a economia. Com a inflação abaixo do esperado em outubro, a ata disparou o aumento das apostas no mercado de que o BC poderia iniciar o ciclo de cortes da Selic já em janeiro de 2026. De acordo com Galípolo, os dados mostram que a economia brasileira "está desacelerando, crescendo a taxas menores", e a política monetária tem tido efeito, "mas de maneira gradual". Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, participa de entrevista à imprensa em Brasília 27/03/2025 Reuters