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Idosa à espera de prótese de quadril é informada por Sumaré que cirurgia não é liberada pelo SUS desde 2020

Idosa à espera de prótese de quadril revela dor, angústia e temor por deixar de andar Uma aposentada de Sumaré (SP) tem sofrido com dores crônicas e a ince...

Idosa à espera de prótese de quadril é informada por Sumaré que cirurgia não é liberada pelo SUS desde 2020
Idosa à espera de prótese de quadril é informada por Sumaré que cirurgia não é liberada pelo SUS desde 2020 (Foto: Reprodução)

Idosa à espera de prótese de quadril revela dor, angústia e temor por deixar de andar Uma aposentada de Sumaré (SP) tem sofrido com dores crônicas e a incerteza de quando poderá realizar uma cirurgia de prótese de quadril que devolva a qualidade de vida. Cada dia mais debilitada pelo avanço da condição degenerativa, Eva Modesto da Rocha, de 65 anos, recebeu da prefeitura a informação de que o procedimento que precisa pelo SUS não é agendado pelo governo de São Paulo pelo menos desde 2020. E o cenário assusta a família. "Não tem como mais eu andar, não tem como mais fazer nada. E o médico, para me ajudar, disse: 'a senhora tem pouco tempo para andar ainda, porque a senhora vai ficar na cadeira de rodas em breve'. Eu falei: doutor, isso não é uma notícia que dá para uma pessoa do jeito que eu tô'", conta. Siga o g1 Campinas no Instagram 📱 A aposentada diz que sofre com o problema há pelo menos cinco anos, mas foi incluída na lista pela cirurgia ortopédica em março de 2025. A confirmação do diagnóstico ocorreu depois da família cotizar para realizar a ressonância magnética na rede particular — a espera pelo exame de imagem no SUS, segundo Eva, poderia chegar a três anos. Requerimento A informação de que a cidade não possui infraestrutura para a cirurgia, e de que o estado não realiza os agendamentos foi obtida pela filha, Simone, em um requerimento feito à prefeitura e respondido no final de julho. Na resposta, a administração destaca que o Siresp (Sistema Estadual de Regulação) é o sistema responsável por gerenciar a oferta e a demanda de serviços de saúde no estado, e confirma que a paciente está registrada no Cadastro de Demanda por Recurso (SIRESP/CROSS) desde 06/03/2025, com status de “aguardando agendamento”. "Este atendimento é classificado como alta complexidade. Nossa municipalidade não possui infraestrutura hospitalar para este procedimento. A DRS VII, responsável pela oferta dessas vagas, interrompeu completamente os agendamentos desde 2020. Reiteramos que a avaliação e a priorização dos encaminhamentos médicos são de responsabilidade exclusiva do SIRESP", diz o documento. Eva Modesto Rocha, de 65 anos, aguarda cirurgia de prótese de quadril pelo SUS em Sumaré (SP) Fernando Evans/g1 Questionada, a Secretaria de Estado da Saúde contrariou o posicionamento que a família da aposentada recebeu no requerimento feito à prefeitura. Segundo a pasta, as cirurgias de quadril estão sendo realizadas normalmente na região de Campinas (DRS-7), inclusive no Hospital Estadual de Sumaré, e seguem a ordem cronológica de inclusão dos pacientes, "respeitando os critérios de urgência e emergência". A pasta, inclusive, informou que a consulta de Eva Rocha será agendada, e a paciente "informada em breve" — veja posicionamento na íntegra ao final da reportagem. O g1 procurou a prefeitura ao longo da semana para comentar o caso e recebeu apenas um posicionamento, sem contemplar as questões enviadas. Na nota, Sumaré ressaltou que a responsabilidade pelo atendimento das demandas cirúrgicas de alta complexidade é compartilhada entre os entes federativos, especialmente a União e os Estados — veja a posição abaixo. Dores e remédios Com imensa dificuldade de locomoção e vivendo à base de analgésicos opioides, Eva falou sobre o problema da varanda de casa. Com o auxílio de um andador, já não desce mais ao quintal. Sentou-se à cadeira com ajuda da filha, e entre expressões de dor e angústia pelo futuro, lamentou a rápida evolução do quadro de saúde, que a impede de fazer tarefas que considerava simples, como cuidar da casa. "É uma dor terrível. [O andador] é só para eu não cair. Dói muito, eu já tomei uns três tombos", relata. A caixa de remédios exemplifica, em parte, o tamanho da dor que Eva enfrenta. Há mais de um ano, usa sob prescrição médica o tramadol, analgésico opioide indicado para o alívio da dor de intensidade moderada a grave. Mesmo assim, ainda precisa recorrer à UPA em busca de aplicações de injeção. Sem saber quando a cirurgia será possível pelo SUS, a família chegou a procurar a rede privada. O custo do procedimento em um hospital de Campinas, sem contar qualquer necessidade de internação por alguma intercorrência, está na casa dos R$ 40 mil. Eva Modesto Rocha, de 65 anos, aguarda cirurgia de prótese de quadril pelo SUS em Sumaré (SP) Fernando Evans/g1 O que diz o Estado? Em nota, o Departamento Regional de Saúde (DRS) de Campinas informa que as cirurgias de quadril estão sendo realizadas normalmente na região. "Os casos são regulados por meio do Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo (SIRESP) e seguem a ordem cronológica de inclusão dos pacientes, respeitando os critérios de urgência e emergência. Estão habilitados para a realização desse procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na região os seguintes hospitais: Hospital de Clínicas da Unicamp, Hospital Regional de Jundiaí e Hospital Estadual de Sumaré. Em relação ao caso da paciente E.R., o DRS informa que a consulta dela será agendada e ela será informada nos próximos dias. Entre janeiro e julho deste ano, foram realizados 95 procedimentos cirúrgicos de quadril nos hospitais da rede estadual da região. Em todo o ano de 2024, o total foi de 144 cirurgias. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que, atualmente, as filas de espera para consultas, cirurgias, exames e procedimentos são descentralizadas. A Pasta trabalha para identificá-las e unificá-las, com o objetivo de ampliar os atendimentos e reduzir a demanda de espera, sempre respeitando os critérios de urgência e emergência." O que diz a prefeitura? O g1 questionou a prefeitura sobre a fila de pacientes na cidade à espera de cirurgias ortopédicas e também sobre o posicionamento do Estado, que contraria a resposta dada à família de Eva. Em nota, a Secretaria de Saúde do município reiterou "seu compromisso com a saúde pública" e destacou que "segue atuando em conformidade com as diretrizes do SUS, buscando constantemente fortalecer a rede de atenção à saúde dentro de suas atribuições legais". "A Secretaria de Saúde informa que, em conformidade com o disposto na Lei nº 8.080/1990, que regulamenta o Sistema Único de Saúde (SUS), é importante ressaltar que a responsabilidade pelo atendimento das demandas cirúrgicas de alta complexidade é compartilhada entre os entes federativos, especialmente a União e os Estados, enquanto aos Municípios cabe, prioritariamente, a organização e execução das ações e serviços de atenção básica e de média complexidade. O SUS foi estruturado de forma descentralizada e regionalizada, com a distribuição de competências de acordo com a capacidade instalada e a natureza dos serviços. Nesse contexto, é imprescindível o engajamento dos demais entes federativos para garantir o acesso integral e qualificado da população às intervenções de alta complexidade. A cooperação interfederativa, portanto, é fundamental para a efetividade das políticas públicas de saúde, respeitando as competências legais e assegurando a universalidade, a integralidade e a equidade no atendimento". VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas