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Laudo aponta mata-leão como causa mais provável para quadro que levou à morte de homem imobilizado por policiais no RS

Vídeo mostra mata-leão em homem durante abordagem policial no RS Um suposto mata-leão aplicado em Carlos Eduardo Nunes durante a abordagem policial é a caus...

Laudo aponta mata-leão como causa mais provável para quadro que levou à morte de homem imobilizado por policiais no RS
Laudo aponta mata-leão como causa mais provável para quadro que levou à morte de homem imobilizado por policiais no RS (Foto: Reprodução)

Vídeo mostra mata-leão em homem durante abordagem policial no RS Um suposto mata-leão aplicado em Carlos Eduardo Nunes durante a abordagem policial é a causa mais provável para o estado de coma e posterior morte do caldeireiro industrial de 44 anos, concluiu o laudo apresentado pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul. O caso aconteceu em Guaíba, na Região Metropilitana de Porto Alegre, em 24 de junho deste ano, e foi registrado em vídeo. O documento a que g1 teve acesso foi solicitado pela Polícia Civil foi em 3 de julho, e a perícia realizada em 8 de julho. Nunes ficou em coma até 1º de setembro, data em que morreu. De acordo com o o laudo pericial, a asfixia provocada pelo golpe é causa mais provável para explicar o quadro clínico que levou à morte de Nunes. O documento ainda aponta uso de arma de choque como fator que pode ter contribuído para o desfecho. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp No vídeo da ação, é possível ver Nunes sendo contido por quatro policiais, dois deles à paisana. Durante a abordagem, ele é imobilizado e, depois de perder os sentidos, arrastado até a viatura. Segundo a Brigada Militar (BM), Nunes teria roubado um celular e apresentava sinais de surto, razão da abordagem policial. O laudo aponta que Nunes chegou ao Hospital Regional Nelson Cornetet em parada cardiorrespiratória (PCR), sem ter recebido manobras de reanimação durante o transporte. A equipe médica teria conseguido reverter o quadro após cinco minutos de ressuscitação. O documento descreve que o tempo sem circulação efetiva de sangue no cérebro aumentou significativamente as chances de sequelas neurológicas permanentes. Após a estabilização, Nunes foi transferido para o Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, onde permaneceu internado em estado grave. Exames indicaram encefalopatia anóxica pós-PCR, com edema cerebral difuso. O laudo conclui que houve ofensa à saúde, perigo de vida e perda parcial de funções neurológicas, resultando em enfermidade não totalmente curável. Em nota, a Brigada Militar informou que instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar a conduta dos policiais envolvidos e que o Ministério Público analisa o resultado da investigação. (leia abaixo) O inquérito da Polícia Civil não encontrou relação entre a imobilização policial e a parada cardiorrespiratória, razão pela qual os policiais militares não foram indiciados (saiba mais abaixo). Homem foi imobilizado com mata-leão e arma de choque e depois arrastado desacordado. Imagens cedidas Conclusão da Polícia Civil A delegada Karoline Calegari, responsável pela investigação, explicou que os policiais não foram indiciados pela Polícia Civil porque as provas indicam que "os policiais efetuaram a abordagem agiram em estrito cumprimento do dever legal". Entre as provas, estão o vídeo que registrou a abordagem, que não constata se houve "efetiva constrição do pescoço, ou seja, se o policial agiu de maneira a deixar ele (a vítima) sem ar". "Mas fica nítido que, durante quase cinco minutos, o abordado, apesar de haver quatro policiais contendo-o, reage e tenta lutar", diz a delegada Karoline. Além disso, a perícia indicou que a causa da morte foi parada cardiorrespiratória, sem poder afirmar o que levou à condição. "Os policiais usaram a técnica menos lesiva ao abordado: técnicas de mãos livres. Essa é a primeira numa escala de uso de força. Em face da resistência, foi utilizado armamento não letal: taser (arma de choque), a segunda na escala", diz a delegada. Segundo ela, testemunhas presenciaram os policiais flexibilizando a contenção ao pensarem que o Nunes pararia de lutar, mas ele voltava a reagir. "O PM que o conteve com o suposto 'mata-leão' afirma que não segurou o abordado pelo pescoço, e, sim, na região da clavícula, com um braço atrás da cabeça do abordado, pois ele efetuava cabeçadas para trás. A perícia não afirmou em sentido contrário", diz. A Polícia Civil relata que a vítima do roubo do celular contou que Nunes acreditava que o carro da vítima era dele e que afirmou saber que os militares não eram policiais, por isso, não aceitaria a contenção. Por fim, afirma que, após Nunes ficar desacordado, houve prestação de socorro imediato. O que diz a BM "A Brigada Militar informa que, no caso da ocorrência envolvendo uma abordagem policial em Guaíba, instaurou, imediatamente após o fato, um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a atuação dos policiais envolvidos na ocorrência registrada no município. O procedimento foi conduzido pela Corregedoria da Corporação, que concluiu o IPM e o remeteu ao Juízo Militar Estadual (JME), conforme determina a legislação vigente. O caso encontra-se, neste momento, sob análise do Ministério Público junto ao Tribunal de Justiça Militar, que possui prazo legal para se manifestar, podendo solicitar novas diligências ou adotar as medidas que entender cabíveis. A Brigada Militar reforça seu compromisso com a transparência, a legalidade e a apuração dos fatos." VÍDEOS: Tudo sobre o RS