Macaúba: planta nativa brasileira representa inovação, futuro e sustentabilidade na COP30
Biocombustível vindo da macaúba acelera a transição energética. Divulgação A COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, qu...
Biocombustível vindo da macaúba acelera a transição energética. Divulgação A COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que ocorre entre 10 e 21 de novembro deste ano em Belém do Pará, destaca temas como descarbonização, transição energética e bioeconomia. Nesse cenário, soluções escaláveis ganham protagonismo, especialmente aquelas que combinam ciência, inovação e capacidade de impacto climático. É o caso do projeto da Acelen Renováveis, empresa criada pelo Fundo Mubadala Capital, que vem desenvolvendo uma rota de combustíveis renováveis a partir de uma espécie nativa brasileira: a macaúba. O projeto foi anunciado na COP28 e avança agora em etapas industriais, agrícolas e tecnológicas. A macaúba ganhou destaque De copa volumosa, espinhosa e porte que pode superar 15 metros de altura, a macaúba atrai atenção não apenas pelo valor ecológico, mas pelo seu potencial energético. A planta nativa brasileira ganhou destaque recentemente devido à produtividade: a macaúba produz de sete a dez vezes mais óleo por hectare do que culturas tradicionais, como a soja. Além disso, pode ser cultivada em pastagens degradadas, recuperando áreas improdutivas sem competir com a produção de alimentos. Do fruto, tudo é aproveitado: óleo, fibras, proteínas e resíduos agrícolas. Por todos esses benefícios, a macaúba desponta como uma das matérias-primas mais promissoras para biocombustíveis e no avanço da transição energética. Centro de pesquisa sustenta a escalabilidade da planta A consolidação da macaúba em larga escala, no entanto, depende de avanço técnico e científico. Esse movimento está em andamento no Acelen Agripark, maior centro de inovação tecnológica agroindustrial voltado para a macaúba no mundo, inaugurado em agosto deste ano em Montes Claros (MG). O espaço de 138 hectares tem capacidade para germinar 1,7 milhão de sementes por mês e produzir até 10,5 milhões de mudas por ano, utilizando práticas ambientais avançadas e automação robótica em um viveiro dedicado de cinco hectares. Pesquisadores de instituições como Esalq/USP, Embrapa, Unicamp, Instituto Agronômico de Campinas, Universidade Federal de Viçosa, University of California-Davis e Cornell University, em parceria com o time da Acelen Renováveis, trabalham no desenvolvimento genético e na domesticação da espécie. “A macaúba é pesquisada e testada em pequena escala há mais de 70 anos, globalmente, e há cerca de 30 anos no Brasil. De forma inédita no mundo, no Acelen Agripark, integramos e potencializamos esse conhecimento com tecnologia para garantir uma escala global. É um projeto sólido, que reúne instituições nacionais e internacionais, incluindo universidades, centros de pesquisa e demais parceiros para soluções industriais, agroindustriais, rastreamento e certificação", aponta Luiz de Mendonça, CEO da Acelen Renováveis. Avanço e impacto na descarbonização O cultivo da macaúba pode sequestrar até 60 milhões de toneladas de CO₂ durante a vida útil do projeto, um impacto direto nas metas de descarbonização. Em linha com esse avanço, a mobilidade (responsável por cerca de 23% das emissões globais de CO₂) reforça a necessidade de combustíveis drop-in, que podem substituir os fósseis sem adaptações nos motores e reduzir emissões em escala de forma imediata. Nesse sentido, o óleo da macaúba se torna a base da rota desenvolvida pela Acelen Renováveis, que pretende produzir Diesel Renovável (HVO) e Combustível Sustentável de Aviação (SAF). A primeira unidade integrada, que reúne uma biorrefinaria na Bahia e áreas de cultivo em Minas Gerais e na Bahia, tem meta de alcançar 1 bilhão de litros por ano. Segundo a empresa, esses combustíveis podem reduzir até 80% das emissões em comparação aos fósseis, sem considerar o potencial de sequestro de carbono das plantações. O investimento inicial é de US$ 3 bilhões, com expectativa de movimentar cerca de US$ 40 bilhões nas próximas décadas na economia brasileira e gerar até 85 mil empregos diretos e indiretos. Dos 180 mil hectares destinados ao cultivo, 20% será conduzido em parceria com a agricultura familiar, por meio do programa Acelen Valoriza, que oferece apoio técnico e renda adicional a pequenos produtores. Os avanços recentes reforçam esse movimento. Em 2025, o projeto alcançou a primeira extração industrial de óleo de macaúba no próprio Agripark e registrou, em setembro, taxas de germinação acima de 80% em estudos com a Unimontes: um salto expressivo para uma planta que, na natureza, germina entre 3% e 5%. Também começaram os plantios em fazendas-modelo em Minas Gerais e na Bahia, etapas que fortalecem as bases para o cultivo em larga escala e para uma nova cadeia produtiva voltada à descarbonização. Saiba mais sobre o projeto da Acelen Renováveis aqui.