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Referência mundial no combate à surdez, médico do ‘Centrinho’ de Bauru reforça importância da prevenção

Centrinho de Bauru tem 56 anos de história e é referência mundial Divulgação Seja exportando profissionais capacitados para todos os cantos do Brasil e da ...

Referência mundial no combate à surdez, médico do ‘Centrinho’ de Bauru reforça importância da prevenção
Referência mundial no combate à surdez, médico do ‘Centrinho’ de Bauru reforça importância da prevenção (Foto: Reprodução)

Centrinho de Bauru tem 56 anos de história e é referência mundial Divulgação Seja exportando profissionais capacitados para todos os cantos do Brasil e da América Latina ou recebendo pacientes de diferentes partes do mundo, o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC), conhecido como “Centrinho” de Bauru (SP), é referência mundial no tratamento, prevenção e reabilitação da surdez, condição que tem seu Dia Nacional de Prevenção e Combate celebrado nesta segunda-feira (10). Desde 2023, o Centrinho integra o complexo do Hospital das Clínicas de Bauru (HCB) e oferece atendimento gratuito a pacientes de todas as idades por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). 📲 Participe do canal do g1 Bauru e Marília no WhatsApp Segundo o professor Dr. Luiz Fernando Lourençone, chefe técnico de Otorrinolaringologia e responsável técnico pelo serviço de Audiologia do HCB, o Centrinho é hoje o maior centro de reabilitação auditiva e de anomalias craniofaciais do país, e um dos maiores do mundo. “O Centrinho responde pelo maior serviço de reabilitação auditiva e de anomalias craniofaciais do Brasil e um dos maiores do mundo, envolvendo não só a assistência ao paciente, mas também a pesquisa e a formação de profissionais”, explica o médico. Além dos atendimentos especializados, o hospital tem papel decisivo na formação de profissionais de saúde, com ex-alunos que atuam em diversos estados brasileiros e em países da América Latina. Professor Dr. Luiz Fernando Lourençone destaca que o Centrinho de Bauru (SP) é o maior em reabilitação auditiva e de anomalias craniofaciais do Brasil Arquivo pessoal As principais causas da surdez no Brasil A perda auditiva pode ter várias origens: infecciosas, genéticas, traumáticas ou ambientais. Em entrevista ao g1, o médico explica que as infecções ainda são uma das principais causas entre crianças, enquanto a exposição a ruídos é a grande vilã entre adultos e idosos. “Nas crianças, destacamos as otites de repetição e as infecções congênitas, como rubéola e citomegalovírus. Já entre adultos e idosos, o problema está na exposição a ruídos, seja no ambiente industrial, seja no uso recreativo de fones de ouvido em volumes excessivos”, detalha o especialista. Além das causas externas, o médico ressalta que as condições genéticas também têm grande peso. “Nem toda causa genética é familiar. Existem mutações novas, em que apenas aquele paciente tem a condição, sem histórico anterior na família”, completa. Prevenção à perda auditiva Para o especialista, a prevenção é o melhor caminho para evitar perdas auditivas irreversíveis. Entre as principais recomendações do médico ao g1 estão: Evitar volumes altos em fones de ouvido e sons ambientes; Fazer pausas ao usar fones por longos períodos; Usar protetores auriculares em locais de trabalho com ruído intenso; Tratar corretamente infecções de ouvido, especialmente em crianças; Realizar o Teste da Orelhinha nos primeiros dias de vida. “O problema não é o fone de ouvido em si, mas o volume e o tempo de exposição. Isso é um fator prevenível, que depende de orientação e conscientização”, reforça o médico ao g1. Com implante feito em hospital de Bauru, menina surda começa a ouvir e desenvolve a fala Teste da Orelhinha e tratamentos de reabilitação Realizado ainda nas maternidades, o Teste da Orelhinha é uma das principais ferramentas de triagem auditiva neonatal. O exame não define a surdez, mas aponta possíveis alterações, permitindo encaminhamento rápido a centros de referência. “Qualquer perda auditiva prejudica a alfabetização e o aprendizado. O diagnóstico precoce muda completamente o desenvolvimento da criança”, explica. O Centrinho oferece diferentes técnicas de reabilitação auditiva, conforme a causa e o grau da perda. Tudo gratuito e encaminhado pelo SUS. Segundo o médico, os aparelhos auditivos convencionais continuam sendo o método mais comum, mas os implantes cocleares têm transformado a vida de pacientes com surdez severa ou profunda. “O implante coclear é um dispositivo eletrônico semi-implantável que processa o som de forma elétrica. Com reabilitação e treinamento, o paciente volta a escutar em limiares normais para a comunicação do dia a dia”, explica Lourençone. Teste da orelhinha realizado em bebê recém-nascido Caio Coutinho/G1 O hospital também realiza implantes ósseos e próteses acústicas implantáveis, voltados a casos específicos, como pacientes que nasceram sem orelha. Entre os milhares de casos atendidos, o especialista relembra histórias de superação marcantes. “Lembro de uma paciente, que veio do Rio de Janeiro e outra do interior do Piauí. Hoje elas escutam, falam normalmente e estão com ótimo desempenho escolar. Esse é o resultado que nos motiva todos os dias”, lembra. Apesar de ser mais comum em crianças a aplicação de transplantes cocleares, segundo ele, a reabilitação não tem idade limite, uma vez que o principal objetivo é trazer qualidade de vida ao paciente. “Já operamos um paciente de 88 anos. Ele dizia que valeu a pena, porque ganhou qualidade de vida. Viver bem é tão importante quanto viver muito”, destaca. Apesar dos avanços, o médico aponta dois grandes desafios: o diagnóstico tardio e o estilo de vida moderno, marcado pela exposição constante a sons intensos. Além disso, o alto custo de próteses auditivas mais modernas ainda limita o acesso de parte da população. Mesmo assim, o médico permanece otimista. “Hoje, praticamente todo tipo de perda auditiva tem tratamento. A sociedade tem um papel importante na prevenção e na divulgação dessas informações. A tecnologia pode e deve ser usada a nosso favor”, finaliza. Veja mais notícias da região no g1 Bauru e Marília VÍDEOS: assista às reportagens da região